A discussão sobre a busca da saúde se faz presente no pensar e fazer humano de forma constante ao longo do tempo. Determinados condicionantes podem levar o indivíduo a desenvolver agravos à saúde de grande repercussão e um destes casos se configura nas situações onde mulheres são vítimas de violência. Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo refletir sobre a construção do ser humano na relação corpo - saúde/doença a partir do trabalho realizado no CREAS Mulher (Centro de Referência Especializado de Assistência Social à Mulher) no município de Mossoró- RN, com mulheres vítimas de violência. A pesquisa constituiu-se como um estudo descritivo e exploratório, realizado nas dependências do CREAS. Foram observados ao longo de uma semana a rotina de atendimento da unidade citada e foi organizado um grupo focal com a presença dos profissionais que fazem parte da instituição. Foi possível observar que o CREAS institui em seu ambiente um sistema integrado de atendimento à mulher, individual e coletivo, em consonância com a lei Maria da Penha (n° 11. 340/2006), onde o propósito é o de garantir um atendimento multidisciplinar à mulher em situação consumada de violência, proporcionando uma assistência psicossocial e jurídica. Percebeu-se ainda que um dos profissionais que deve acolher estas mulheres é o enfermeiro, que além de executar condutas clínicas, como anamnese e exame físico, este é responsável de zelar pela privacidade da mulher proporcionando um ambiente acolhedor, uma escuta atenta e sensibilidade diante da situação que lhe é apresentada, sendo de grande importância no processo assistencial dessas vítimas. Conclui-se que tanto o CREAS como a Enfermagem exercem um papel fundamental nesse processo e ao conseguirem atuar e tornar real um acolhimento que vise a integralidade do cuidado, promovem uma assistência que supre não apenas as necessidades de saúde das mulheres vitimizadas, mas também auxilia para que estas possam ter acesso a sua reconstrução enquanto ser humano, onde se incluem o resgate de sua autonomia, independência, auto-estima e resignificação social.