O abandono ao tratamento para tuberculose (TB) contribui para a manutenção da cadeia de transmissão e surgimento de TB multidroga resistente, representando um desafio para a saúde pública. Este estudo busca investigar a influência da estratégia de Tratamento Diretamente Observado (TDO) e da cobertura da Estratégia Saúde da Família (ESF) no controle do abandono de tratamento para Tuberculose nos municípios do estado de Mato Grosso do Sul (MS), no ano de 2012. Trata-se de um estudo exploratório de dados secundários analisados por análise multivariada de agrupamento por método hierárquico. As variáveis investigadas foram: coeficiente de incidência de tuberculose (CI-TB), percentual de cobertura por ESF, percentual de oferta de TDO e percentual de abandono de tratamento. Os dados foram coletados através do banco de dados do Ministério da Saúde – Datasus e da Secretaria Estadual de Saúde - MS. Participaram do estudo 66 municípios, foram excluídos da investigação os municípios que não registraram casos novos de TB, no período investigado. Através da análise por agrupamentos foram identificados 07 grupos de municípios (G1... G7). No G1 agrupou-se 09 municípios com CI-TB: 24,2 casos/100.000 habitantes; oferta do TDO: 5,6%, abandono de tratamento: 16,3%, cobertura ESF: 67,6%. No G2 ficaram 11 municípios com CI-TB: 41,8 casos/100.000 habitantes, TDO: 80,5%, cobertura ESF: 58,9%, índice de abandono: 3,9%. No G3 ficaram 02 municípios com CI-TB: 11,7 casos/100.000 habitantes, TDO: 0,0%, cobertura ESF: 93,9%, abandono de tratamento: 100%. O G4 agrupou 21 municípios com CI-TB: 35,6 casos/100.000 habitantes TDO: 7,9%, cobertura ESF: 96,9%, abandono de tratamento: 3,3%. Os municípios do G5 apresentam CI-TB: 123,3 casos/100.000 habitantes, TDO: 100%, cobertura ESF: 86,7%, abandono de tratamento: 1%. O G6 apresentou CI-TB: 44,9 casos/100.000 habitantes, TDO: 96,3%, cobertura ESF: 97,9%, abandono de tratamento: 18,3%. O G7 agrupou 10 municípios com CI-TB: 29,9 casos/100.000 habitantes, TDO: 96,7%, cobertura ESF: 94,4%, abandono de tratamento 0,3%. Esta divisão em grupos sugere que há ainda um grande número de municípios que precisam fortalecer a ESF e, ou, investir mais na oferta do TDO. È imprescindível que profissionais e gestores da saúde priorizem e planejem ações que contribuam para um efetivo controle da transmissão da tuberculose e maior adesão ao tratamento.