O câncer infantil configura-se um sério problema de saúde pública devido à alta incidência e pelo sofrimento que provoca nas crianças e em seus familiares. O processo de hospitalização proporciona inúmeras modificações do ambiente natural que, somado aos procedimentos invasivos causa um estresse significativo. Daí a importância da utilização de tecnologias leves, como o uso da ludoterapia para minimizar o sofrimento ocasionado pela patologia a esta faixa etária. As tecnologias leves incluem relações na assistência, o acolhimento, diálogo, dentre outros. O objetivo deste estudo é relatar a experiência na realização de atividades lúdicas com crianças acometidas por câncer. Trata-se de um relato de experiência desenvolvido por acadêmicos de enfermagem da Universidade Federal do Piauí, que foram voluntários de uma organização não governamental (ONG) que apoia crianças com cancer, focando na ludoterapia. Foram realizadas semanais a um hospital de caráter público-privado e na casa de apoio da ONG no município de Teresina-Piauí, no período de 2013 e 2014. Nas visitas, os voluntários se caracterizavam como palhaços. No início, as crianças tinham certo receio em participar das atividades. Entretanto, nas visitas subsequentes, foi criado um vínculo não apenas com as crianças, mas também com seus cuidadores. Em meio ao sofrimento ocasionado pela patologia, os voluntários conseguiam criar um ambiente descontraído no qual as crianças brincavam, sorriam, escutavam histórias infantis e interagiam entre si. Eram nestes momentos que os estudantes utilizavam várias formas lúdicas para conseguir distanciar o pensamento daquelas crianças de sua patologia, sendo que estas conquistas estimulavam o trabalho voluntário. Com o contato frequente, as crianças ficavam na expectative de outras visitas; seus sorrisos contagiantes impressionavam a todos os profissionais da saúde que presenciavam as atividades, pois os voluntários conseguiam fazer com que elas esquecessem as dores e o sofrimento. No entanto, às vezes, o sentimento de tristeza era absorvido pelos acadêmicos quando alguma criança não resistia ao tratamento e falecia. Conclui-se que as atividades lúdicas direcionadas a crianças oncológicas é de fundamental importância, pois transformam o ambiente em que estão inseridas, proporcionando melhor adaptação ao tratamento e a um cuidado humanizado, repercutindo assim na vida profissional dos acadêmicos que realizam uma assistência integral de qualidade.