A Dengue é um problema de saúde pública em regiões tropicais e subtropicais em todo o mundo. No Brasil, as epidemias são frequentes e preocupantes devido ao aumento do número de internações e dos custos, há expectativa de que a vacina para uso comercial esteja disponível em 2016. Objetivo: descrever os custos diretos dos casos de internação por dengue e o impacto financeiro dos casos não manejados conforme diretrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS), dando subsídios para o auxílio aos gestores na tomada de decisão sobre o público alvo para as futuras campanhas de vacinação. Métodos e Resultados: foi realizado um estudo censitário transversal retrospectivo em pacientes com dengue internados nos sistemas de saúde público e privado na cidade de Dourados, Mato Grosso do Sul, Brasil. A análise envolveu casos ocorridos de janeiro a dezembro, durante o surto de 2010. No total, foram analisados 8.226 casos suspeitos de dengue notificados envolvendo 507 pacientes hospitalizados. A amostra final foi de 288 pacientes, que respondeu 56,8% de todos os casos hospitalizados na cidade. O custo global dos casos de internação foi de US$ 210,084.30, o que correspondeu a 2,5% do produto interno bruto per capita em Dourados. Em 35,2% dos casos, plaquetas foram prescritas em desacordo com as recomendações da OMS. O custo mediano de hospitalização foi maior (p = 0,002) no grupo que recebeu hemoderivados (US$ 1,622.40) em comparação com o grupo que não recebeu (US $ 550,20). A maior parte das internações ocorreram em adultos (15-59 anos) e houve grande discrepância entre os custos das internações no setor público e no privado. Conclusão: a não utilização das diretrizes preconizadas para internação e uso de plaquetas aumentam os gastos e expõe os pacientes a risco desnecessários. Considerando a magnitude da dengue na saúde pública brasileira e a escassez de pesquisas envolvendo os custos econômicos e a carga da doença para a sociedade em geral, esse trabalho preenche uma lacuna na literatura, coletando dados imprescindíveis para a realização de estudos sobre custo-efetividade a fim de auxiliar os gestores na tomada de decisões quanto ao uso eficiente dos recursos e definição da população alvo para as campanhas de vacinação sendo necessário priorizar determinadas regiões geográficas ou grupos de idade.