Em 2006 houve a implantação do Navio-Hospital Abaré, em parceria com as Prefeituras da região de Santarém-PA e a ONG holandesa Terre Des Hommes. A iniciativa possibilitou a implementação de serviços de saúde de forma regular e sistemática junto a 15 mil ribeirinhos de mais de 70 comunidades do Rio Tapajós. Este empreendimento significou um importante avanço na construção de um modelo de atenção à saúde resoluto e adaptado à realidade da Amazônia, isto é, a Saúde da Família Fluvial. Este trabalho teve como objetivo relatar a experiência vivenciada por profissionais atuantes na Unidade Básica de Saúde Fluvial (UBSF) Abaré I, em Santarém-PA. Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, do tipo Relato de experiência. A UBSF está equipada com 3 consultórios médicos, 1 consultório odontológico, 1 sala de vacina, 1 laboratório bioquímico, 3 leitos adulto e 2 pediátricos; além de sala de espera, área de descanso e dormitórios para os profissionais. A vivência ocorreu durante todo o ano de 2013, com profissionais permanentes e voluntários; sendo que em um período de 12 dias mensalmente foram realizados cerca de 1.240 atendimentos, dentre os quais, 500 de enfermagem, 500 consultas médicas e 240 odontológicos. Ademais, na UBSF foram realizados exames laboratoriais, como hemograma, glicemia hemoglobina glicada, testes de gravidez e para diagnóstico de sífilis, hepatite, HIV e outros. No atendimento de Enfermagem, a grande demanda relacionou-se ao cuidado e acompanhamento da saúde de crianças, idosos e gestantes, com consultas, exames e imunização, além de orientações diversas e atividades de educação em saúde. Quanto ao médico, as principais queixas relacionaram-se a micoses, infecções, traumas decorrentes de acidentes e, de modo geral, situações relacionadas às condições precárias de saneamento e falta de acesso aos serviços de saúde. No atendimento odontológico, a principal demanda foi a exodontia, em virtude das precárias condições de saúde bucal da população. Constatou-se que a experiência foi gratificante, enriquecedora e promoveu a aproximação dos profissionais de saúde com as comunidades ribeirinhas, além de tornar evidente a importância de vivências como esta, integrando a teoria à prática e fortalecendo as noções de universalidade, equidade e integralidade da atenção.