INTRODUÇÃO: Entre as drogas mais usadas no Brasil, o crack desponta como uma problemática relevante em saúde pública, disseminando-se de forma quase epidêmica entre os jovens, sem distinção de gênero, raça ou situação econômica. Faz-se, portanto, necessário identificar a situação atual do uso do crack e suas consequências para o indivíduo e sociedade. OBJETIVO: Analisar teoricamente o fenômeno do uso e abuso do crack a partir de uma análise contextual enfocando desde a problemática do uso individual às políticas de enfrentamento deste consumo no Brasil. METODOLOGIA: Ensaio teórico de reflexão seguindo o referencial de análise proposto por Hinds, Chaves e Cypres que classifica os níveis contextuais em quatro camadas interligáveis: os contextos imediato, específico, geral e o metacontexto. RESULTADOS: No contexto imediato, observou-se que o perfil do usuário de crack caracteriza-se por ser homem, jovem, poli-usuário, baixo nível socioeconômico e educacional, marginalizado, apresentando piores índices sociais e de saúde comparado aos demais usuários. No contexto específico, constatou-se que o uso e abuso de drogas atinge o ser humano nas suas diversas dimensões – biológica, psíquica e social, sendo também resultante de uma série de fatores (físicos, emocionais, psíquicos e sociais) correlacionados. No contexto geral, percebeu-se que é fundamental uma análise panorâmica e integrativa do aspecto social ao qual está inserido o uso do crack. No metacontexto, notou-se que a elaboração das políticas nacionais de “combate” às drogas muito se parece com o modelo de “guerra contra a drogas”, de caráter repressor proposto nos Estados Unidos e adotado em diversos países. CONCLUSÃO: A complexidade do fenômeno sinaliza para o direcionamento da atenção integral ao sujeito usuário dessa droga, visto provável correlação desse uso com as demais dimensões contextuais, como indivíduo, família e sociedade expressando a necessidade de políticas e práticas de saúde que busquem efetivar o novo olhar sob a saúde mental, previsto com a reforma psiquiátrica.