O aborto é caracterizado como um grave problema de saúde pública, gerador de uma gama de sentimentos negativos nas mulheres que vivenciam essa situação. O aborto traz consigo um estigma, vinculado principalmente a crime, sendo atribuído unicamente a uma inconsequência da mulher, deixando de ser considerado por muitos um problema de saúde pública e de causas multifatoriais, que acarreta uma problemática mais ampla e com forte agravo social. O estudo teve como objetivo geral Analisar a vivência das mulheres internadas em situação de abortamento sobre a assistência de Enfermagem e como objetivos específicos, Investigar se o atendimento de Enfermagem prestado às mulheres em situação de abortamento tem sido pautado em princípios éticos; Traçar o perfil das mulheres que buscam o serviço de saúde como forma de tratar as consequências do processo de abortamento e Pesquisar os sentimentos expressados pelas mulheres em situação de abortamento. Tratou-se de um estudo de campo, do tipo exploratório-descritivo, com abordagem quali-quantitativa, onde foram entrevistadas 31 mulheres em situação de abortamento, com idade mínima de 18 anos. Os resultados demonstraram que o perfil da paciente em situação de abortamento atendida no Instituto da mulher Dona Lindú é constituído por mulheres jovens (faixa etária entre 18 e 29 anos), 83,8%; solteiras, 45,2%; com bom nível de escolaridade, 41,9% concluíram o ensino médio e 9,7% o ensino superior; possuem atividade remunerada, 48,4%; católicas, 61,3%. Ficou claro nas falas das entrevistadas que, de maneira geral, grande parte delas perceberam o atendimento dos profissionais como adequado às suas necessidades. Ainda assim, destacou-se a necessidade de um cuidado que não esteja focado apenas em procedimentos técnicos, já que a falta de suporte emocional por parte da enfermagem fez falta durante o atendimento. Em relação aos sentimentos expressados destacaram-se a tristeza; dor física e emocional pela perda do filho; sentimento de culpa e punição; e medo. Podemos concluir que o aborto envolve dimensões biopsicossociais e que não deve ser julgado como um ato isolado, mas como parte de um contexto ligado às condições de vida de cada mulher. É dever da equipe de enfermagem prestar assistência de qualidade, humana, digna e respeitosa facilitando o processo de recuperação dessa paciente, já que a situação por ela vivida, ainda se encontra envolta por tabus e julgamentos morais e culturais.