O planejamento em saúde constitui-se nas práticas em saúde mental como um dos dispositivos que contribui para o fortalecimento do modelo de atenção psicossocial. Objetiva-se com este estudo compreender o planejamento em saúde como um dispositivo potente de (re) organização da gestão do cuidado em saúde mental. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, em uma perspectiva crítica-reflexiva. O estudo foi realizado nos Centros de Atenção Psicossocial, da Secretaria Executiva Regional IV e V de Fortaleza-CE. Utilizou-se para a coleta das informações a entrevista semiestruturada, observação sistemática e documentos. Como participantes incluíram-se 20 trabalhadores da saúde mental, distribuídos em dois grupos. Os dados foram organizados e analisados pelos pressupostos da análise de conteúdo. Evidencia-se que o planejamento em saúde mental é um dispositivo importante na rede de saúde mental, no entanto, o sistema de saúde mental não tem estabelecido uma estratégia de planejamento capaz de articular as ações em saúde mental dentro dos diversos níveis de complexidade do sistema de saúde. Assim, apesar dos avanços ocorridos na saúde mental do município, o modelo de atenção à saúde mental ainda se modulava na convivência desarmônica entre o modelo de atenção manicomial e o de atenção psicossocial. Concluiu-se que o planejamento das ações de saúde mental não superou o modelo psiquiátrico asilar na composição dos saberes e das práticas, apresentando sérios limites e desafios no estabelecimento de ações integrais e nas interconexões entre os serviços de saúde mental e os setores sociais.