Vários estudos comparativos entre homens e mulheres tem comprovado que os homens são mais vulneráveis às doenças, sobretudo às enfermidades graves e crônicas. Esta constante questão de gênero que perpassa a conduta e os hábitos masculinos produz não somente modos de vida diferentes, como também modos de adoecer e morrer. As pesquisas qualitativas organizam, em dois grupos principais de determinantes, as várias razões pelas quais se estruturam barreiras entre o homem e os serviços de saúde, que são: as barreiras sócio-culturais e institucionais. A compreensão dessas barreiras é importante para a proposição estratégica de medidas que venham promover o acesso dos homens aos serviços de atenção primária, que deve ser a porta de entrada ao sistema de saúde, a fim de resguardar a prevenção e a promoção como eixos fundamentais à saúde. O objetivo desta pesquisa foi realizar um estudo sobre produção subjetiva do cuidado à saúde do homem na Atenção Primária à Saúde, do ponto de vista dos usuários do sexo masculino (em relação ao seu autocuidado e sua percepção quanto o atendimento do serviço) e dos enfermeiros que atuam neste serviço. Esta pesquisa é qualitativa, exploratório-descritiva e cartográfica. Foi realizada na Estratégia Saúde da Família de uma cidade do Cariri Cearense, com 15 usuários do sexo masculino do serviço, mediante saturação dos dados como previsto em pesquisas qualitativas, e três enfermeiros. A coleta de dados foi feita através de entrevista semiestruturada e diário de campo, durante o mês de março de 2011. Para a interpretação e apresentação dos dados, foi realizada a análise do discurso de Minayo. O estudo atendeu à Resolução nº196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Originou-se as seguintes categorias: Os motivos que levam os homens a procurarem o serviço de saúde, esta categoria demonstra que os homens procuram o serviço de saúde dependendo da sua condição de saúde no momento; a segunda foi intitulada: Percepção sobre o autocuidado, é a categoria, onde os homens reconhecem que não valorizam o autocuidado, e a terceira e última: Percepção quanto ao atendimento prestado pela equipe saúde da família, onde os homens apontam falhas do serviço e os profissionais admitem ainda não terem implantado um programa específico para este público. Foi possível perceber que os homens procuram o serviço apenas na presença de sintomas ou para receber remédios. Mas há também a necessidade de capacitação dos profissionais do serviço.