As comunidades quilom¬bolas despertam uma série de questões socioeco-nômicas, espaciais, jurídicas e culturais sobre sua efetiva inserção cidadã. É preciso ampliar e revisitar discussão do direito à saúde, levando-se em conta que o acesso, o acolhimento, o vínculo e a resolutividade para o alcance deste direito, passa pelas condições históricas, sociais e econômicas da população e não apenas de sua condição étnica. Assim, esta pesquisa realiza uma abordagem revisional na litera¬tura, com o objetivo de apresentar aos profissionais de saúde uma reflexão sobre as ques¬tões pertinentes às populações quilombolas. Trata-se de um estudo bibliográfico descritivo. A pesquisa foi realizada no banco de dados Biblioteca Virtual em Saúde, sendo adotados como critério de inclusão: artigos que abordem o tema, descritores “saúde”, “comunidades vulneráveis” e “profissionais de saúde”, estar escrito em idioma português e disponíveis na íntegra. Foram selecionados 13 textos com os descritores, onde nove se apresentavam no idioma português e apenas dois diziam respeito aos quilombolas; ambos publicados em 2011. As comunidades caracterizam-se pelo vínculo com o ambiente e vivem da agricultura de subsis¬tência. As crianças aprendem a lida “na roça” desde muito cedo. As condições de renda e higiênico-sanitárias destas populações são precárias; a maior parte não têm água tratada ou sistema de esgoto sanitário. Outra característica importante é a ausência de serviços de saúde locais. Todas estas questões acabam por não atingir indicadores de saúde previstos entre as crianças quilombolas. A doença falciforme e a hipertensão arterial têm sido registradas com frequência nessas comunidades. A falta de água tratada e de condições sanitárias têm provocado surtos de diarreia e doenças derma-tológicas entre grande parte das populações remanescentes. A problemá¬tica está em oferecer saúde combinada com crenças e tradições destes grupos. A falta de condi¬ções moradia e uma política de valo¬rização da pessoa do campo, tem sido apontados como causa do alto índice de alco¬olismo e tabagismo entre estas populações. O assunto “processo saúde-doença-cuidado de quilombolas” é extrema¬mente necessário e ainda há muito por investigar e avançar neste tema. A literatura Esta revisão demonstra que ainda existe uma grande disparidade, desigualdade na Atenção à Saúde no Brasil, e que é necessário o envolvimento social e profissional para alteração desta realidade.