Ao longo dos tempos a importância e as atribuições das parteiras foram muitas, variando no tempo e na sociedade onde exerceram seus papéis. Hoje, as parteiras são identificadas pela assistência dada à parturiente, associadas à pobreza e a um atendimento de segunda categoria. Em geral, habitantes dos grandes centros urbanos consideram a atuação das parteiras tradicionais como uma prática de saúde vinculada ao passado, embora permaneça presente e seja fundamental naqueles casos onde é a única atenção disponível para as mulheres que vivenciam o processo reprodutivo em áreas urbanas e rurais. Este estudo tem por objetivo demonstrar as estratégias utilizadas e os problemas enfrentados para a inserção profissional das parteiras na sociedade. Trata-se de uma revisão sistemática da literatura, desenvolvida nos meses de abril a maio de 2012, utilizando-se da análise de publicações científicas a partir de artigos disponibilizados em bases de dados indexadas (LILACS, BIREME, SCIELO). Verificou-se que a prática das parteiras privilegia não apenas a mulher, mas a criança e toda a família. Por estarem comprometidas com a realidade à sua volta, advinda da falta de recursos técnicos, apoio e desqualificação do seu saber, as parteiras constroem o conhecimento necessário para cuidar e não abandonam quem precisa de seus préstimos. Além disso, possuem conhecimentos sobre a saúde centrados na mulher bem como realizam um parto personalizado, oferecendo uma assistência integral, configurando-se como uma técnica de saúde popular legitimada pela comunidade. As ações desenvolvidas proporcionam significativas contribuições no resgate do cuidado humanizado, compondo um conhecimento profundo que traz elementos do senso comum que perpassam pelo saber científico. No entanto, percebe-se grande desconsideração frente às ações das parteiras, assim como de outros atores sociais, que como elas, fazem parte de uma classe desprestigiada pela sociedade atual. É indispensável que os profissionais de saúde tenham uma visão holística dos saberes, crendices e rituais que permeiam a assistência prestada pela parteira no ciclo grávido-puerperal. Dessa forma, compreende-se que é cada vez mais importante buscar aprofundar a história das parteiras tradicionais, visto que são peças fundamentais no cuidado a saúde no ciclo gravídico puerperal em inúmeras localidades do Brasil, na tentativa de valorizar esse ato de doação e amor que estas profissionais sempre realizam.