Atendendo aos princípios da equidade e integralidade em saúde, a Estratégia Saúde da Família (ESF) coloca-se como um importante dispositivo para o exercício de uma nova perspectiva na atenção em saúde mental, o que se torna um elo importante na identificação e acompanhamento dos sujeitos em sofrimento psíquico. O cuidado prestado na ESF opera eminentemente no paradigma clínico biologicista, enfocando a doença em detrimento do sujeito que sofre. Não existem informações sobre estes sujeitos, que possam nortear a elaboração de estratégias para a atenção em saúde mental no âmbito da ESF. Sendo assim, esta pesquisa teve como objetivo caracterizar os sujeitos em sofrimento psíquico, na cidade de Russas-CE. Estudo descritivo de abordagem quantitativa, realizado através de questionários aplicados junto aos sujeitos em sofrimento psíquico, usuários da atenção básica na cidade de Russas-CE. Foi desenvolvido em seis Unidades Básicas de Saúde (UBS) da zona urbana, tendo como amostra oitenta e quatro sujeitos pesquisados. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Potiguar, protocolo 056/2011, na conformidade da resolução 196/96 do CNS/MS que trata de pesquisa com seres humanos. Os dados coletados foram organizados em planilha do programa SPSS 17.0, sendo posteriormente analisados pela estatística descritiva (frequência e porcentagem). Quanto ao sexo, os sujeitos participantes da pesquisa foram constituídos em 44% para o sexo masculino e 56% para o sexo feminino; 50 % apresentaram idade entre 33 e 50 anos; 53,57% com o estado civil na condição de solteiro(a); a escolaridade predominante foi o ensino fundamental I (33,3%); quanto à renda, 50% afirmou que possui renda de um salário mínimo. As queixas identificadas pela pesquisa apontam para fenômenos que se inscrevem dentre aqueles com que expressamos nossas emoções frente às adversidades da vida. Essas diversas expressões de sofrimento psíquico são restritas as descrições dos manuais diagnósticos e prescrições de medicamentos, onde se considera apenas a superficialidade dos sintomas e o sujeito não entra em questão. O conhecimento acerca dos sujeitos em sofrimento psíquico acompanhados ao nível da ESF é imprescindível para a organização de ações em saúde mental. Apostamos que essas ações conduzidas pelos profissionais atuantes na ESF somente proporcionarão a metabolização do traumático pela via da escuta.