Anais - 15º CBCENF
Resumo
Título:
MORALIZAR PARA CUIDAR: DISCURSO PRODUZIDO POR ENFERMEIROS QUE ATUAM EM AMBULATÓRIO DE HIV/AIDS
Relatoria:
TICYANNE SOARES BARROS
Autores:
- Karla Corrêa Lima Miranda
- Simara Moreira de Macêdo
- Carliene Bezerra da Costa
- Manuela de Mendonça Figueiredo Coelho
Modalidade:
Pôster
Área:
Determinantes de vida e trabalho
Tipo:
Pesquisa
Resumo:
Reconhecendo a complexidade de questões que envolvem o sujeito com HIV/Aids, frente ao estigma e preconceito ainda presente no meio social, destacamos a importância de que o cuidado de enfermagem possa promover a construção de uma prática clínica direcionada às subjetividades e particularidades do paciente. Tivemos como objetivo analisar os discursos acerca do cuidado produzido por enfermeiros que atuam em Serviço Ambulatorial Especializado em HIV/Aids, acreditando que através da identificação das suas formações discursivas poder-se-á identificar as concepções de cuidado que permeiam a atuação do profissional. Trata-se de um estudo descritivo e exploratório com abordagem qualitativa. Os dados foram coletados em quatro Serviços Ambulatoriais Especializados em HIV/Aids do município de Fortaleza-CE, no período entre março e junho de 2011. Tivemos como sujeitos do estudo dez enfermeiras que atuavam na assistência das referidas instituições. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob protocolo nº.100301/11. Para a análise dos dados, foi utilizada como método a análise do discurso na perspectiva da corrente francesa de pensamento. A análise culminou com a construção do núcleo de sentido intitulado “discurso moralizante”, representando os discursos que se entrecruzam no contexto assistencial em enfermagem. Evidenciou-se, assim, que o cuidado de enfermagem se encontra pautado em um discurso moralizante, que emite concepções acerca de condutas, deveres e responsabilidades do paciente, questões que envolvem sua sexualidade, assim como preconceitos e juízos de valores que perpassam o risco ou a condição de ter o vírus HIV. Neste contexto, o enfermeiro instiga o paciente a revelar sobre sua vida, intimidade, sexualidade, hábitos, utilizando, para tanto técnicas de confissão e mecanismos disciplinares no intuito de “docilizar” os pacientes para que estes possam seguir a terapêutica médica sem resistência. Assim, o cuidado é exercido por meio de dispositivos de biopoder, aplicando a disciplina e as estratégias de culpabilização no sentido de adequar e controlar os corpos contra os excessos e riscos, conforme os parâmetros biomédicos de assistência. Enfatiza-se a necessidade de existência de uma ética emancipatória para realização do cuidado de enfermagem, que ponha em destaque o sujeito e suas necessidades, e que este possa se perceber implicado neste processo.