A sede é um desconforto real apresentado por grande parte dos pacientes no pós-operatório imediato (POI), quando ainda permanecem em jejum(1). O paciente no POI é marcado por desconfortos como dor, imobilidade, náuseas, vômitos e sede, sendo a esta um dos estressores mais intensos.(2). O objetivo é analisar de forma qualitativa a percepção de sede pelo paciente. Estudo qualitativo de caráter descritivo e exploratório, realizado em um Hospital Universitário nos meses de junho e julho de 2010. A população constituiu-se de pacientes no POI que apresentaram sede na Sala de Recuperação (SRA) e, receberam dois mililitros de água ou gelo. A amostra foi de 16 pacientes do total de 96. A coleta de dados foi iniciada após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (Registro CONEP n.º 268/2010). Através da análise dos discursos proposta por Martins & Bicudo, formaram-se categorias. A primeira categoria evidencia a presença da sede, sendo esta importante para sobrepujar outras sensações e lembranças. Alguns pacientes relataram sede antes do inicio do procedimento cirúrgico. No POI percebeu-se a necessidade de saciar a sede antes da ingesta de alimentos sólidos. A segunda categoria trata da percepção fisiológica da sede relatada como a secura da boca. Percebe-se a relação do alivio da sede com a umidificação da cavidade oral. Assim, para proporcionar alívio parcial ou total do sentimento de sede, não se faz necessário grandes ingestas de água. A terceira categoria refere-se aos sentimentos que a sede evoca. A sede desperta no paciente sentimentos de angústia e sofrimento. A quarta categoria trata do alívio proporcionado pela administração de água ou gelo. Os pacientes que receberam água relataram uma melhora da sede porém sem sua saciação. Os pacientes que receberam gelo relataram uma melhora significativa na intensidade da sede mostrando-se mais efetivo que a água. A sensação de sede relatada pelos pacientes no POI relaciona-se com a percepção de boca seca. Portanto não é necessário ingerir grandes quantidades de água, pois a umidificação da mucosa oral já proporciona alívio. Isso chama a atenção e justifica o melhor desempenho do gelo.