Introdução. O estudo do discurso leva à reflexão sobre as ações cotidianas individuais no cenário contemporâneo, sob o qual identidades e individualidades são imersas em um processo de desterritorialização e rupturas simbólicas, que afetam cada individuo e suas identidades, coletivas ou individuais. Objetivo. Diante do exposto, o objetivo do estudo é conhecer o processo identitário que molda as ações da enfermeira na Estratégia Saúde da Família (ESF) e seus discursos estruturantes. Metodologia. Trata-se de estudo qualitativo de cunho etnográfico, construído a partir de narrativas de enfermeiras e utentes durante a consulta de enfermagem a pessoas com hipertensão, no cotidiano de uma ESF de Fortaleza-Ceará-Brasil, durante o ano de 2008, analisadas à luz da Análise do Discurso Crítico. Resultados. Diferentes discursos compõem a ação e a representação da enfermeira: o discurso do ser saudável no mundo globalizado, o discurso da saúde pública com uma essência biológica, o discurso farmacológico e o discurso do assujeitamento da comunidade. Os discursos são peculiares, construídos semanticamente sobre as formações discursivas dos sujeitos da comunidade, permitindo a representação de uma identidade legitimadora da ESF como instituição superior ao conhecimento empírico da comunidade. Conclusão. A identidade revela um ethos constitutivo de um poder simbólico que ideologicamente corrompe os objetivos filosóficos da ESF, permanecendo cerceado pelas práticas biológicas e sanitárias da saúde pública que sofrem novos direcionamentos a partir dos discursos midiáticos contemporâneos.