INTRODUÇÃO: A morte por suicídio ocupa a terceira posição entre as causas mais frequentes de falecimento na população de 14 a 44 anos em alguns países. Estima-se que as tentativas sejam 20 vezes mais frequentes que os suicídios consumados. Os transtornos mentais estão associados com cerca de 90% dos casos de suicídio, sendo de maior incidência os transtornos do humor, relacionados a substâncias, da personalidade e esquizofrênicos. OBJETIVO: Analisar a taxa de óbitos por auto-intoxicação como uma tentativa de suicídio no Brasil. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo ecológico descritivo sobre os óbitos de intoxicação por medicamentos segundo circunstância registrada como tentativa de suicídio em 2009 pelo Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX). Esse sistema de informação tem como principal atribuição coordenar a coleta, a compilação, a análise e a divulgação dos casos de intoxicação e envenenamento notificados no país. A análise foi feita segundo os casos gerais de intoxicação por medicamentos como tentativa de suicídio e os evoluidos para óbito, nas diferentes regiões do Brasil. RESULTADOS: Entre o total (26.753 casos) de intoxicações por medicamentos no Brasil no ano de 2009, 40,54% (10.845 casos) foi por tentativa de suicídio, entre esses, a maioria acontecendo no Sul e Sudeste do país, sendo registrado somente no Rio Grande do Sul e São Paulo, 27,16% e 22,38%, respectivamente. Em relação ao total (71 casos) de óbitos de intoxicação por medicamentos, 64,76% (46 casos) aconteceram por tentativa de suicídio, sendo a região Sudeste a campeã entre os registros de óbitos por essa causa, representando sozinha 45,65% do total de óbitos. CONCLUSÃO: Entre as circunstâncias registradas da intoxicação por medicação estão os acidentes individuais, o uso terapêutico, erro de administração, auto medicação e o uso indevido, todas ocupando importante lugar na intoxicação por medicamentos. No entanto, mostra-se prevalente o uso de medicação como tentativa de suicídio, essa decisão é, em muitos casos, tomada pouco tempo antes da tentativa, sugerindo impulsividade. Deve-se assim, orientar e restringir o acesso a medicações sem prescrições pela população, tendo em vista que existem evidências de que a restrição do acesso a métodos letais diminui a incidência de suicídio.