Introdução: no Brasil os primeiros casos de AIDS foram, na sua imensa maioria, observados em homens, em meio a uma ausência total de conhecimento sobre a doença e o tratamento, da mesma forma que nos outros países, marcando assim o início da constituição de representações sobre a nova doença. A partir da década de 90, o aparecimento de mulheres e crianças com a doença e a universalização das drogas anti-retrovirais transformam as representações sociais dos profissionais acerca desta doença. Objetivo: o objetivo do estudo foi apreender as representações e memórias sobre AIDS e cuidados de pessoas com AIDS entre profissionais de saúde do Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB) de Belém. Metodologia: trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, que trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes. A pesquisa foi realizada no setor do 3º leste da Clínica de Doenças Infecto-Parasitárias (DIP). Este setor é composto de 46 leitos, sendo 20 leitos para HIV masculino e 8 leitos para HIV feminino. Os sujeitos da pesquisa foram 6 profissionais de saúde (5 enfermeiras e uma médica). Os aspectos analisados foram: perfil pessoal e sócioprofissional; sentidos atribuídos ao HIV/AIDS e ao cuidar de pessoas com HIV/AIDS; e memórias e representações sobre o HIV/AIDS e as práticas desenvolvidas desde o início da epidemia. Os dados coletados por meio dos questionários e as evocações livres foram analisados de forma descritiva, e as entrevistas seguiram uma análise ídeo-central. Resultados: constatou-se que os termos abandono e preconceito constituem os elementos centrais das representações sociais acerca de HIV/AIDS, e amor e profissionalismo compõem os elementos centrais do cuidado dirigido aos pacientes com HIV/AIDS. Sobre os portadores de HIV/AIDS estão vinculados outros conteúdos positivos como humanização, empatia, experiência, trabalho em equipe, uso de EPIs. Há também conteúdos negativos como preconceito, abandono, sofrimento, impacto emocional, medo, problemas de estrutura física da instituição, passividade de contaminação pelo vírus. Verificou-se que na memória dos profissionais há indícios do impacto emocional que a epidemia causou. Conclusão: concluímos que as representações (com conteúdos positivos e negativos) e as memórias indicam que ocorreu um processo de mudança com a epidemia ao longo desses anos e os modos de cuidar também mudaram.