Devido à gravidade das lesões e ao número de complicações e seqüelas, ressalta-se a queimadura como problema de saúde pública no cenário nacional e internacional. Resultam em agravos duradouros ou permanentes à saúde, como perda ou redução da capacidade funcional, seqüelas físicas e estéticas, alterações na autoimagem e autoestima, dentre outros. Numa concepção não reducionista da saúde/doença e do corpo, enfatiza-se que as alterações na imagem corporal são elementos chaves e determinantes de muitos aspectos na qualidade de vida do queimado nas diversas fases de reabilitação. Além da natureza biológica do corpo humano, que estabelece uma igualdade fundamental de todos os homens, o corpo é objeto apropriado e modelado pela sociedade, sendo impossível estabelecer rígida distinção entre o que diz respeito à natureza e aquilo que é da ordem sociocultural. Nessa perspectiva, objetivou-se analisar as diversas concepções e significados culturais do corpo queimado. Trata-se de uma revisão de literatura por metassíntese, com abordagem qualitativa, por meio de uma pesquisa nas bases de dados Scielo e Medline, na qual foram selecionados artigos publicados entre os anos de 2001 e 2011, utilizando-se como descritores: “queimaduras” e “qualidade de vida”. Após leitura criteriosa, foram selecionados 08 estudos que relatavam o impacto das queimaduras e os significados atribuídos ao corpo durante o período de reabilitação. Ao considerar o corpo por meio de uma realidade simbólica, emergiram-se três concepções: (1) O corpo como objeto de consumo, (2) O corpo e o belo, (3) Estigma: o corpo diferente. Destaca-se que as concepções apresentadas sobre as imagens valorizadas e desvalorizadas socialmente impõem reflexões sobre a saúde e a doença, respectivamente, como representações que emanam do social e, portanto, o quanto é fundamental a compreensão dos conceitos de imagem corporal e autoestima na perspectiva do processo de cuidar em queimadura. Objeto por meio do qual o indivíduo se apresenta a outros de determinado grupo e à sociedade como um todo, o corpo modificado passa a ser avaliado de maneira negativa, tornando-se obstáculo à reabilitação social e fonte de sofrimento psíquico. Nessa perspectiva, revela-se fundamental a atuação da enfermeira, como mediadora do significado de ter um corpo alterado pela queimadura e desviado dos padrões sociais vigentes durante todo o processo de restabelecimento da qualidade de vida.